Não sei quantas amizades resistirão ao processo eleitoral, algumas já se dissolveram no primeiro turno, que não é nenhuma novidade, todo ano de eleição isso acontece entre pessoas que se envolvem no processo e acabam se excedendo nos posicionamentos. Talvez aí esteja a grande diferença para eleições de anos anteriores, a quantidade de pessoas comuns engajadas nas campanhas.
As últimas pesquisas eleitorais para segundo turno de 2010 e 2014 para o cargo de Presidente, nos principais institutos, apresentavam índice de indecisos com números bem próximos aos atuais, entre 3% e 4%, ou seja, não há uma mudança significativa de cenário quanto a indecisão do eleitor. Então o que mudou?
Nas campanhas anteriores, embora decididos, os eleitores tinham menor oportunidade de expressar opiniões, pois as mídias tradicionais, como TV e Rádio, não davam oportunidade a grande massa, sem contar a moderação das notícias. Em 2006, foi a primeira eleição presidencial que contou com as redes sociais, na oportunidade o Orkut era a febre, o Facebook começava timidamente chegar ao Brasil, os programas de mensagem instantânea se resumiam a MSN (Messenger) e Skype, porém a oportunidade de acesso a internet era bem menor.
Doze anos mais tarde, temos um cenário completamente diferente, mais de 70% da população tem acesso a internet, sendo 69% por celular (Instituto Ipsos/2016), mídias sociais dando voz a qualquer pessoa que queira se expressar, o acesso foi ampliado e os movimentos populares ganharam ecos nas redes. Somado a indignação com o contexto político de corrupção, injustiças, golpe, mortadelas e coxinhas, direita e esquerda, mesmo que as pessoas não dominem esses temas de forma integral, suas insatisfações com os problemas do país formaram uma sociedade mais participativa.
Em resumo, a participação da minha “Tia” que nunca se envolveu em campanha eleitoral, foi oportunizada porque ela resolveu se manifestar sobre a notícia que ela recebeu em seu Whatsapp, inclusive compartilhando no facebook, a outra “Tia” não gostou e pronto… mais uma crise na família. Brincadeiras a parte, a frase do Ex-Presidente e agora Presidiário, Luiz Inácio Lula da Silva, cabe muito bem para o momento da participação popular atual, “Nunca antes na história desse país…” tivemos tantas pessoas dizendo o que pensam sobre o processo eleitoral.
Por Leonardo Moreira