Os altos e baixos da vida nos reservam questionamentos que, mesmo diante de todo o conhecimento adquirido, são difíceis de responder.
Nossa mente é limitada para compreender porque algumas coisas acontecem, nossa visão míope de uma vida de horizontes reduzidos, não consegue alcançar a plenitude dos acontecimentos e não tem todas as respostas.
Fiz essa introdução para contar uma experiência de silêncio profundo que passei nessa manhã. Ao encontrar com um grande amigo, que passa por um momento de dificuldade familiar, me contou como está complicado compreender os percalços que se apresentam a eles. Sua filhinha mais nova, em um acidente terrível, sofreu queimaduras gravíssimas e agora, fora de perigo, percorre lento e doloroso tratamento para reabilitação.
Nosso encontro, sempre alegre, foi regido por um bom dia, e logo perguntei pela menina, pela qual temos orado por sua recuperação. Ele relatou o tratamento pela qual ela fora submetida na última noite, mais uma cirurgia para enxertos e plásticas, citou um pequeno diálogo de carinho que teve com ela momentos antes do procedimento, e depois a aflição em vê-la novamente fragilizada pelo efeito da anestesia pós cirurgia.
Diante de todo o cenário, que pode ser visto como de superação e milagre, pois está tudo dando certo, ele me fez duas perguntas que nortearam todo o meu silêncio: “Por que eu não estou no lugar dela para passar por isso? Por que uma criança tão nova, sem culpas, está passando por isso?”
Sem respostas, mesmo tendo algo a dizer, fiquei em silêncio por um momento e fiz apenas o compromisso de continuar orando por eles, nos despedimos e ele seguiu. Nada que eu dissesse naquele momento de fragilidade confortaria o coração daquele pai, a não ser remeter a fé que temos em comum. Minha esperança é que um dia, superado este momento, eles possam chegar ao entendimento do que Deus tem para eles com tudo que estão passando.
E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (Romanos 8:28)