O cenário da Bolsa brasileira não casou com o exterior. Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu pela terceira vez no ano as taxas de juros, de novo em 0,25 pp, e os índices fecharam com ganhos. Os executivos do BCE alertam que a economia na zona do euro está “um pouco mais fraca” do que o esperado. Hoje, o índice de preços ao consumidor (CPI) fechou setembro com variação de 1,7%, ante 2,2% em agosto, uma desaceleração que surpreendeu o mercado, embora o núcleo esteja ainda bem acima da meta de 2%.
Nos EUA, as bolsas subiram durante todo o dia, com novos recordes do Dow Jones e do S&P 500, para no fim fecharem mistos. O desempenho foi impulsionado não só pelo indicadores de mercado de trabalho, varejo e indústria, mostrando que uma recessão se afasta cada vez mais do cenário, mas também com as ações de tecnologia.
Ibovespa e as commodities
No campo das commodities, o petróleo também oscilou hoje. Acabou no positivo, quando Israel anunciou a morte do líder do Hamas, e que mesmo assim entende que “a guerra não acabou”, segundo o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Porém, as ações da Petrobras (PETR4) não se animaram e terminaram negativas em 0,75%.
Já a Vale (VALE3) foi a grande vilã do dia, com baixa de 2,53%, numa quinta-feira que viu o minério de ferro desabar 6%, por decepção de estímulos na China. A notícia derrubou também a CSN (CSNA3), com menos 2,26%; Gerdau (GGBR4), com baixa de 0,38%; e Usiminas (USIM5), com recuo de 1,62%.
Mas a questão fiscal segue em foco no Brasil e por isso não é possível atribuir toda a queda do dia ao desmoronar da Vale. Enquanto o governo muda sua liderança no Senado e tenta achar fórmulas plausíveis para diminuir as despesas, Lula diz que fica “muito irritado” quando é cobrado por gastos em saúde e educação.
Assim, foram poucos os setores que se salvaram na sessão de hoje. Os bancos terminaram mistos, com Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4) subindo 0,66% e 0,20%, enquanto BB (BBAS3) e Santander (SANB11) recuaram 0,15% e 0,52%. Ainda no setor financeiro, B3 (B3SA3) perdeu amplos 2,37%.
Destaque de alta ainda para as papeleiras, que subiram, após a XP dizer que “é hora de elevar exposição em papel e celulose”: Klabin (KLBN11) avançou 1,08% e Suzano (SUZB3) ganhou 1,01%.
Nem mesmo Embraer (EMBR3), que já tem valorização de mais de 110% no ano e anunciou novos investimentos, escapou: queda de 1,37%. Hapvida (HAPV3), a mais negociada do dia, também caiu, com 3,63%.
A semana termina amanhã, em novo dia com agenda de indicadores esvaziada. O negócio é ficar bem atento com o noticiário corporativo, político e geopolítico. (Fernando Augusto Lopes)